CAPITULO 2 ........ Andanças pelo Vale
Fui ao florista
Mal podia imaginar que havia comprado
um copo de sangue ...
Andei pela cidade
Mandei lavar uma farda ensanguentada
Havia um bar
E lobos bebiam outros copos de sangue ...
Avistei pobre favelada
Cem pés sem calçados e
Sem marmelada.
Notára que a fome do gato ainda fazia
ROUBA, ROUBA ...
Outro bar
No início de uma rua estreita.
Entrei.
- O teto está pingando ! ! !
- Há ratos no porão e morte na catedral ...
( Disse eu com um olho no tempo lá fora. )
Fui ao caixa
Paguei por estas palavras
Um ano e meio de cursinho
Tres meses de salário atrasado
E duas horas por dia dentro de um onibus.
Nem por isso a força do meu peito se esvaiu.
Sabia que o tempo o vento
COME, COME. . .
E que muitas verdades ainda deveriam ser ditas.
Palavras ponderadas
Objetos de grandes conquistas
Capaz de cativar universos
Nos tornar inocente às flores . . .
Não são a nos como as outras
Qual bisturi de dois gumes
A dilacerar intempestivamente
Artérias de grande calibre .
Saí para a rua; a tarde caíra . . .
- Olha o brilho fanal ! !
- Olha o brilho fanal ! ! ! ( Eu disse )
- Caminharemos sob um mar de pássaros
que riscarão o céu na manhã
Como linhetas, pedaços de sol . . .
- Lembraremos que a vida também guarda
muitas surpresas
Em meio a uma fenda
Na rocha que é a cabeça de cada um
UM LUME DE PENSAMENTOS
Tal qual insetos
a se procriarem vertiginosamente e em progressão geométrica
SENTIDOS DE INJUSTIÇA, metamorfose de conceitos . . .
- Meu Deus ! !
- Como a cabeça das pessoas mudam.
Nunca soube ao certo o que se passara comigo
Ouvira choro num canto
Susto e riso noutro. . .
Que bagunça ! !
Precisaria de um tempo
Quem sabe no feriadão
Colocar meu guarda-pensamentos em ordem
Fazer uma arrumação. . .
No peito um vazio.
- Olha o azul florido !
- O verde esperança morrido, olha !
Vestes brancas ao vento
Vitória no peito eu te quero.
QUANDO SE PERDE, QUEM VENCE ?
QUANDO SE VENCE, QUEM PERDE ?
- Moro, por que moro ?
- Normal, por que normal ?
- Olha quantas criancinhas !
- Olha !
No mundo imundo todos morrem . . .
Morte, frio, calafrio
O espaço sombrio
Num momento triste
Tu ristes, tu ristes, tu ristes ! !
O tempo tão triste
Persiste, persiste, persiste ! !
O quanto cantaste, sorriste, amaste, mentiste, moraste,
Morreste, morreste, morreste, morreste . . .
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