VESTIBULARES


SÉCULO XX ( Escrito num período de grandes conflitos interiores, revolução hormonal, adolescência )


“Quando começarem com as bombas
Gostaria de dedicar especialmente a primeira
Aos caros membros organizadores da FUVEST”



Mundo avacalhado
Grifou o poeta a frase
Maravilhosa bomba sonhou possuir
Explodiu grandes mares
Grandes terras volveu.

Roçou depois com os dedos a superfície
Como uma acne, rompeu-se a bolha imunda.
Chora agora o infinito do espaço sideral.

Nem um choro miserável se fez ouvir
Silenciaram os profetas
A morte de satanás !

Morri também
Gritei na terra
Planeta que não merece
Ser escrito com letra maiúscula...

Será besta a crítica...
Antes que venham, vou !
Nem dignos de ser filhos da...são !

Grande chuva não basta
Lavei meu mundo com sabão
O sabão não presta, não limpa
Só limpa e presta
Nas propagandas da televisão.

Por isso, nem a ela poupei
Grandes mortes e desilusões
Apliquei na novela
No seu último capítulo:
“A morte sempre tem razão
O bandido quase sempre vence
O crime compensa prá quem tem muita grana !”

E agora, discípulos da matemática
Calculai vós por favor
O raio que vos parta definitivamente!
Químicos bichas !
A mulher é muito mais interessante que uma bomba
Seus filhos de uma reação obsoleta !
Vamos, vamos !!!

Depois que gritei tudo percebi que chorava
Minhas mãos feri...
Quando acordarei deste pesadelo?
Talvez quando estiver dentro da faculdade...
Que besteira !!

A beira da cama
O lençol branco, o mundo lá fora...
Óh meu Deus, não poderei matar a violência aos poucos?
Talvez com um belo chute no traseiro...
Ou talvez na boca, para ser mais violento.

Choveram gotículas de orvalho
Bebi um copo de lágrimas com novalgina

- Viva o dono da Shell !!
- Viva as naftalinas !!

O cara que inventou o onibus é irmão do pai da bomba de neutrons
E ambos são filhos do pai da guilhotina.

- Tempestade !
- Existes, porque o sol é um banana!
- Um só raio no peito da injustiça
- E a morte seria instantânea.


Uma florzinha brotaria suavemente e exalaria o perfume radioativo
Nas narinas do diabo mais ingênuo...
E ponto final.


Hoje com 47 anos ( escreveu este texto com 17) o autor acha graça do tamanho da sua revolta na época e, embora não tenha conseguido consertar o mundo vai deixando suas mensagens neste livro de bordo...


Marcos César Gonçalves

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